Brasil, agosto 2016 - Jalapão, TO - O deserto

É comum a referência da região do Jalapão como o "deserto do Jalapão". Entretanto, não é um deserto. É uma área de Cerrado. A denominação de deserto se deve à formação de dunas em certas áreas e do seu solo, que é basicamente arenoso. Certas pessoas da região costumam dizer que o deserto é de pessoas - realmente é uma região de baixa densidade populacional. As áreas de visitação, com suas incríveis atrações ecoturísticas, estão principalmente nos municípios de Mateiro, Ponte Alta do Tocantins e São Félix do Tocantins, entre outros.


A mata de cerradão, a duna e a Serra do Espírito Santo ao fundo.

Paisagem do Jalapão.

Mapa do Jalapão com os principais atrativos do Parque.

O terreno arenoso...

... estava por toda parte.

Parte do Jalapão foi protegida da ação humana com a criação do Parque Estadual do Jalapão, administrado pelo Instituto Natureza do Tocantins - Naturatins (o órgão de preservação ambiental do Estado do Tocantins), o qual possui cerca de 159 mil hectares, atingindo os municípios de Mateiros e São Félix do Tocantins.

Há um elevado grau de dificuldade para chegar ao Jalapão e por lá transitar devido às más condições das estradas, agravadas pelos trechos de areia. Mas se não fosse por isso, talvez o Parque Estadual do Jalapão já não existisse como uma região de natureza preservada. Por onde passa o ser humano, costuma haver destruição!


A entrada do Parque Estadual do Jalapão.

Areia por toda parte. Essa estrada era uma das melhores.

A caminhonete Marruá. Topa tudo!

Minha bela!

Olha a beleza da estrada, boa para atolar.

No Parque a vegetação é a típica dos Cerrados e podemos observar as suas diversas forma de ocorrência. 


A área de cerrado propriamente dita, possui árvores baixas, retorcidas e espaçadas uma das outras, há ocorrência de gramíneas e herbáceas em geral. O cerradão, embora menos frequente de se ver, possui árvores altas e com uma maior cobertura vegetal do solo. Também há presença de gramíneas.

Os campos sujos são compostos de árvores mais baixas e arbustos, bastante espaçados, com grande ocorrência de gramíneas e herbáceas. Nas regiões de campos limpos há basicamente vegetação herbácea, notadamente gramíneas.

A seguir uma sequência de foto dos diversos tipos de vegetação do cerrado.



















Já as matas ciliares, que não são exclusivas dos Cerrados, são formadas desde pequenas e ralas até densas florestas, ocorrendo junto aos cursos dos rios. As belas veredas aparecem por toda as partes, que se formam em áreas de baixada e alagadas, compostas de gramíneas, arbustos e palmeiras buritis. Esses dois tipos de vegetação são os mais privilegiados com relação à disponibilidade de água, ocorrendo basicamente o ano inteiro.

Matas ciliares.

Matas ciliares de grande porte.

Idem.

A bela mata ciliar do Rio Formiga.

A bela Paepalanthus sp. à beira do rio.

Uma vereda com uma grande lagoa ao centro.

Essa vereda não forma lagoa, mas o tereno é alagado.

Uma pequena vereda!

À exceção das matas ciliares e das veredas, onde o nível de matéria orgânica disponível para a nutrição das plantas é maior, os demais tipos de vegetação estão presentes em solos pobres em nutrientes. Os solos da região do Jalapão são basicamente arenosos, podendo em alguns locais serem encontrados solos com maiores níveis de argila.

Mas a vegetação dos Cerrados, incluindo o Jalapão, é decorrente do tipo de clima predominante na região, o tropical seco.

O clima possui duas estações distintas: uma seca e outra chuvosa. A estação seca vai de maio a setembro e chega a desérticos 7 a 15% de umidade , com precipitação perto de zero. A estação chuvosa, de outubro a abril, chega a níveis intensos e proporciona uma precipitação média anual que pode chegar a 1800 mm.

A temperatura durante o dia pode chegar facilmente aos 35-40º C, com noites mais frescas. No inverno as temperaturas noturnas podem chegar aos 12º C.

Esse "deserto" é cortado por uma intrincada malha de rios, ribeirões e riachos que são alimentados por nascentes que brotam por toda a parte. A abundância de águas cristalinas e potáveis nos impressionou!

Quanto ao relevo, é relativamente plano com ocorrências de serras e chapadões. Surgem também formações rochosas surpreendentes.

A fauna também é destaque nessa região. A população de aves e pássaros é abundante e variada. Observamos papagaios de todos os tamanhos, araras, tucanos, carcarás e uma ema. Uma grande águia cortou rasante as dunas onde aguardávamos o por do sol. Acordávamos diariamente com o canto das seriemas, embora não conseguíssemos avistá-las. O destaque foi o pato-mergulhão, ao qual dedicamos uma postagem.

Uma águia num voo rasante.

O pato-mergulhão.

Mamíferos como onças, antas, capivaras, veados, lobos guará, raposas, tatus, ocorrem por toda a região. Uma das trilhas na área de visitação da Cachoeira da Velha no Rio Novo estava interditada, pois foi avistada uma onça com seus filhotes. Para proteger suas crias, as onças ficam mais perigosas que o normal. 

Avistamos pegadas de antas e raposas nas margens do Rio Novo, perto do nosso acampamento. E um veado foi avistado por alguns do grupo quando atravessava uma das estradas.

Pegada de anta na beira do Rio Novo.

Pegada de raposa na beira do Rio Novo.

O nome Jalapão é decorrente de uma planta comum da região, a jalapa. De porte herbáceo, sua raiz forma uma "batata", e tem uso medicinal.

A raiz da jalapa, que deu o nome à região.

Enfim, o Jalapão é um local de difícil acesso e isolado, mas é dessa forma que ainda se mantém como um lugar selvagem. Para conhecê-lo temos que ter um espírito aventureiro.

Sem dúvidas, é uma das regiões mais incríveis que conhecemos.



Nenhum comentário:

Postar um comentário