Chile, agosto 2013 - Valparaiso

   
A viagem até Valparaiso foi uma aventura! Demoramos a achar o caminho, muito embora o GPS insistisse em nos mostrar a direção correta! (não sei como isso aconteceu!) 
   
A paisagem chama a atenção. As montanhas da Cordillera de la Costa surgem ao fundo, dando um contorno sinuoso ao horizonte. Bem diferente do que encontramos no planalto central do Brasil. Os vinhedos e as áreas de agricultura diversificada completam a pintura do quadro. Sem falar das estradas, que são de dar inveja às nossas, fazendo do dirigir um prazer.
     
A estrada.
     
Paisagens pelo caminho.
    
Paisagens pelo caminho.
     
Após sair da região do Vale de Colchagua, pegamos a Ruta 66, também conhecida como La Carretera de la Fruta, ou seja, a Rodovia da Fruta, isso porque a região é uma área de intensa produção frutífera. Por essa rodovia fomos até Valparaiso.
        
A Ruta 66.
       
Um dos pontos interessantes que vimos durante a viagem foi o Lago Rapel, um lago artificial criado em 1968 para servir de reservatório de uma usina hidroelétrica, a Central Hidroeléctrica Rapel. Vendo pelo Google Maps dá para ter ideia da real dimensão desse lago, imenso! Pelo caminho passamos por diversas entradas de locais destinados à prática de esportes, pescarias, campings e lazer em geral.
       
Foto do Lago Rapel, tirada de dentro do carro.
      
Ao chegar a Valparaiso nos assustamos com o trânsito muito complicado. Assim, decidimos não utilizar o carro nos passeios pela região, mesmo porque é andando que conhecemos os detalhes do local.
      
Valparaiso é uma cidade portuária que fica a cerca de 120 km de Santiago. Geograficamente, a cidade localiza-se nos diversos morros e colinas existentes (42 cerros) e "escorre" em direção ao mar.       

Como a maior parte da cidade está nos cerros, tiveram a ideia de construir elevadores para facilitar o acesso às partes altas, ou pelo menos encurtar o caminho. Ao todo são 15 ascensores, os tais elevadores, uma espécie de funicular, que facilitam a vida dos moradores e, de quebra, dos turistas. São pequenos vagões puxados por cabos que percorrem a subida por trilhos. Na verdade, atualmente não estão facilitando tanto assim a vida dos moradores, pois diversos deles estão inoperantes. A impressão é que só os mais turísticos ainda funcionam. 

      

Os cerros.
 
Os cerros visto de Viña del Mar.
      
Valparaiso é a sede do Poder Legislativo do Chile desde a transferência do Congresso Nacional chileno da capital, pelo então presidente Pinochet, que, ao que parece, entendia que quanto mais longe aquele estivesse da capital, melhor.
      
Nos hospedamos no Gran Hotel Gervasoni. Um hotel boutique, instalado em um casarão de 1870 e localizado no alto do Cerro Concepción, considerado como um dos grandes valores patrimoniais da cidade. Sua entrada é pelo Paseo Gervasoni, um dos mirantes mais bonitos dos cerros, de onde se tem uma vista espetacular da baía de Valparaiso.
        
Na região do hotel encontramos vários restaurantes, cafés, lojas, edificações antigas e tradicionais, além de vários outros pontos turísticos.

     

O Passeo Gervasoni, visto à noite da janela do nosso quarto.
     
No Passeo Gervasoni com a Baia de Valparaiso ao fundo.
     
Idem!
     
Casas no Passeo Gervasoni.
     
O letreiro do Ascessor Concepción, no Passeo Gervasoni.
     
A bela baía vista do Passeo Gervasoni.
     
O casarão, que deu origem posteriormente ao Gran Hotel Gervasoni, foi contruído com materiais disponíveis na época, basicamente madeira. O interessante é a forração com folhas de metal nas paredes externas das habitações da cidade, que era um material barato para ser transportado pelos navios. Como o hotel, ainda existem muitas casas antigas que possuem essa forração metálica. Em sequência, algumas fotos do hotel e seus cômodos internos.

     

O Gran Hotel Gervasoni.
     
A entrada.
     
Hall do andar superior.
     
Entrada do Restaurante Di Vino.
     
Visão mais ampla do hall do andar superior.
     
Lobby do hotel.
     
Lobby do hotel.
     
Para chegar à nossa suite.
     
Eu!
     
Dessa saleta temos uma bela visão da baía.
     
Ficamos em uma ótima suíte, espaçosa e com um ar clássico. Da janela tínhamos uma vista privilegiada da baía de Valparaiso e de Viña del Mar.

     

Vista da janela da nossa suíte, Viña del Mar ao fundo.
     
Vista da janela da nossa suíte, Viña del Mar ao fundo.
     
Vista da janela da nossa suíte, Viña del Mar ao fundo.
     
Como o hotel está no alto de um morro, existe uma forma menos cansativa para chegar até ele, que não de carro. O Ascensor Concepción, construído em 1883, liga a Calle Prat até o Paseo Gervasoni, no alto. Foi uma boa ideia, porque haja disposição para escalar esses morros de Valparaiso!!

     

A entrada superior do Ascenssor Concepción, no Passeo Gervasoni.
     
Dentro do Ascenssor Concepción.
     
O Ascenssor Concepción é a caixinha com a bandeira do Chile.
     
Optamos por jantar no hotel na primeira noite na cidade, no Bar e Restaurante Di Vino, de excelente gastronomia que combina a cozinha tradicional de Valparaiso com a cozinha internacional. Eu escolhi o Congrio a La Baska (congrio dorado, con redución de pimentones y acompañado de aspargos, champigñones y camaronês gratinados en queso parmesano) e a Carla pediu o Risoto Lukas (risoto con champigñones y camaronês salteados y flambeados em anis y curry, con un exquisita salsa de carne). Dois excelentes pratos! E de sobremesa, Creme Brulé!!
     
Repetimos o restaurante na noite seguinte. Eu pedi o Risoto Lukas, por causa da combinação na medida certa da leveza adocicada do anis com a força picante do curry. Não dá para descrever o quanto ficou maravilhoso o sabor! A Carla pediu o Fetuccini Frutti di Mare (fetutine con frutos do mar, incluindo locos).

     
Congrio a La Baska.
     
Risoto Lukas.
     
Fetuccini Frutti di Mare.
     
Creme Brulé.
     
A cidade possui uma bela baía, onde se encontra, de um lado, a região portuária; de outro, áreas de praia, com bares e restaurante em alguns pontos, além de balneários. Isso mesmo! O pessoal de lá gosta de água gelada e, o pior, em pleno inverno! 

     
A praia da Baia de Valparaiso com a região
portuária ao fundo.
     
Bares e restaurantes.
     
Estava fazendo uns 12 graus... água boa para pinguim!
     
Na costa também há muitos leões marinhos, que podem ser vistos descansando em uma plataforma abandonada, bem próxima à praia. O melhor, para quem tiver paciência, é aguardar um leão marinho chegando do seu passeio e vê-lo tentando subir na plataforma. Incrível como um animal grande e pesado tem tanta força e elasticidade para sair da água e alcançar a rampa.

     
O que sobrou do antigo pier.
     
Chega para lá!
     
O leão marinho dá uma salto em direção ao pier...
     
... se apoia na rampa...
     
... mais uma ajeitadinha...
     
... e pronto!
     
Agora outro, dessa vez uma fêmea, dá uma salto...
     
... e se apoia na rampa e...
     
... ooops!
     
Não deu!
     
Em 2003, a Unesco declarou o Centro Histórico de Valparaiso como Patrimônio Cultural da Humanidade. Realmente é uma região em que a arquitetura, a arte e a cultura estão por toda a parte. As expressões artísticas se espalham pelas casas, ruas, atelieres e praças. Há uma grande quantidade de prédios e casas do século XIX e início do século XX preservadas, compondo uma imagem urbanística singular. Para conhecer tudo isso é preciso adentrar a cidade pelas ruas e ruelas, subindo e descendo, alcançando os recantos mais intimistas e ao mesmo tempo coloridos e alegres. Nos morros também há diversos mirantes a serem visitados, dos quais temos uma visão surpreendente da cidade e da baía. Alguns deles remetem a uma nostalgia de tempos passados.
     
As casas coloridas.
     
As ruas.
     
Mais casas coloridas.
     
Casas coloridas e com expressões artísticas!
     
Prédio do início do século XX.
     
Ruas do Centro Histórico de Valparaiso.
            
A poucos metros do nosso hotel, se encontra a Iglesia Anglicana Saint Paul de Valparaiso, construída no século XIX por imigrantes ingleses protestantes. O seu interior remete aos tempos áureos da época vitoriana e do estilo neogótico inglês.    

Visitamos a Plaza Sotomayor, muito bonita e rodeada de prédios históricos, entre os quais o da sede administrativa do Comando de la Armada de Chile e o Monumento a los Héroes de Iquique - erguido em memória aos heróis da marinha chilena da batalha naval de Iquique, contra a marinha peruana na Guerra do Pacífico. Tal guerra foi travada pelo Chile, de um lado, Peru e Bolívia, de outro, no fim do século XIX.
        

Comando de la Armada de Chile na Plaza Sotomayor.
     
Vistas da Plaza Sotomayor.
     
Vistas da Plaza Sotomayor.
     
O moderno edifício construído dentro da fachada
do antigo prédio.
     
Corpo de bombeiros na Plaza Sotomayor.
     
Monumento a los Héroes de Iquique.
     
Detalhes do Monumento a los Héroes de Iquique.
     
Ônibus elétrico, ainda roda por lá!
     
Outro ponto turístico da cidade é a segunda casa de Pablo Neruda, "La Sebastiana", nome dado em homenagem ao seu anterior proprietário. 
   
Como a casa fica no alto e um pouco afastada do centro, decidimos ir de táxi. Mas como é difícil achar um táxi livre em Valparaiso! Só passa táxi ocupado! Na verdade, lá os táxis são comunitários. Não há taxímetro, o preço da corrida é combinado com o motorista. E é possível o embarque de passageiros enquanto houver lugar no carro.

Enfim, após conseguirmos um táxi, chegamos a La Sebastiana! Na entrada nos é oferecido um aparelho de áudio guia, com opções de várias línguas, com uma gravação que conta a história do poeta e da casa à medida que vamos passando de um cômodo para outro.

A Casa Museo La Sebastiana possui as mesmas características da Casa Museo La Chascona, porém com uma vista maravilhosa da cidade e do mar. Localiza-se na calle Ferrari, 692, cerro Florida. A reforma e decoração foi obra do próprio Plabo Neruda, que, como dissemos antes, tinha uma veia de arquiteto. Além de um pátio grande, a casa possui quatro andares. Neruda contava aos seus amigos que do último andar da casa ele costumava observava uma mulher nua tomando banho de sol no telhado de uma das casas vizinhas. Nas festas, ele instigava seus convidados a vê-la, mas ela nunca foi vista. Na casa há móveis contemporâneos e antigos, quadros, esculturas, mapas, a máquina de escrever do poeta, e toda sorte de objetos de decoração que ele garimpava para suas coleções durante suas viagens pelo mundo ou suas andanças pelo Chile. Mas todos trazem uma identidade peculiar ao poeta. Também não é permitido tirar fotos no interior dessa casa.

Na parte externa, há um pátio com jardim, um centro de informações ao turista e um mirante com vista para a cidade e para a baía de Valparaiso.

     

La Sebastiana.
     
Nós!
     
Detalhes da La Sebastiana.
     
Detalhes da La Sebastiana.
     
Passeios da casa de Pablo Neruda.
     
A entrada da casa.
     
Detalhes do jardim.
     
A cidade vista do mirante da casa.
     
Existe ainda uma terceira casa do poeta Plabo Neruda, que fica em Isla Negra, na cidade de El Quisco, cerca de 70 km de Valparaiso. Dizem que é a mais bela de todas. Não chegamos a visitá-la, mas faz parte do nosso próximo roteiro pelo Chile. 

     
Na volta decidimos descer o morro à pé para sentir como é a vida na cidade. É... descer, porque o nosso hotel estava em outro morro. Mas foi um passeio muito interessante. As casas, por toda a parte, são coloridas. As ruas, a maioria delas, são muito estreitas. A impressão que tivemos era que parecia uma das comunidades do Rio de Janeiro. Não pela pobreza, mas tão somente na forma de casas muito juntas com pequenas ruas e passarelas que ora são calçadas e ora são escadarias. E haja força e disposição para tantos degraus! Na volta para o nosso hotel, subimos o morro, hehehe... de elevador!
     
O começo...
     
... da descida do morro...
     
... pelas escadarias...
     
... intermináveis!
     
Vista da cidade na descida do morro.
     
     
     
     

2 comentários:

  1. Valparaíso e Viñas del Mar conheci muito rapidamente, fiz um tour de um dia saindo de Santiago. Não pude conhecer tão a fundo quanto vocês, mas gostei mais de Viñas.

    Mesmo assim, as fotos mostram o belo colorido das paisagens e das casas.

    Agora esses pratos, ainda com riqueza de detalhes na descrição, estão de matar!! rsrsrs

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    1. Marcelo, Valpo e Viña têm seus encantos. Viña é mais moderna e jovial mas Valparaiso me encantou pela cultura e tradições, que estão presentes por toda parte.

      A gastronomia chilena me impressiona pois os sabores e o requinte na apresentação dos pratos são marcantes.

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